O feriado prolongado de Páscoa foi marcado por uma sequência brutal de feminicídios no Rio Grande do Sul, com dez mulheres assassinadas entre a Sexta-feira Santa (18) e esta segunda-feira (21). Os crimes, registrados em diferentes regiões do estado, expõem a face mais cruel da violência de gênero e provocam comoção, indignação e o clamor por medidas mais eficazes de proteção.
Os dois casos mais recentes ocorreram nesta segunda-feira (21). Em Pelotas, uma mulher foi morta a tiros em plena via pública. No domingo (20), duas tragédias abalaram os municípios de Serafina Corrêa e Ronda Alta. Em Serafina Corrêa, uma jovem de 26 anos foi executada a tiros dentro do apartamento, na frente dos próprios filhos. Já em Ronda Alta, um homem assassinou a facadas a esposa e a enteada antes de tirar a própria vida.
A Sexta-feira Santa foi a data mais violenta do feriadão, com seis mortes registradas:
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Em Feliz, um homem matou a facadas sua ex-namorada e o atual companheiro dela, em um caso de duplo homicídio que chocou a cidade.
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Em Parobé, uma mulher grávida foi esfaqueada na rua; o principal suspeito é o ex-companheiro.
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Em São Gabriel, uma mulher foi degolada dentro de casa.
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Em Bento Gonçalves, uma mulher de 54 anos foi assassinada a facadas; o autor foi preso em flagrante.
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Em Viamão, tiros dentro da residência tiraram a vida de outra vítima, com suspeita novamente voltada ao ex-companheiro.
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Em Santa Cruz do Sul, uma mulher foi morta a golpes de facão. O autor, também ex-companheiro, foi preso no local do crime.
A escalada de feminicídios em tão curto espaço de tempo levou a Polícia Civil do Rio Grande do Sul a antecipar o lançamento de uma plataforma digital para o pedido de medidas protetivas. A ferramenta será disponibilizada no site da Delegacia de Polícia Online da Mulher e promete agilizar o acesso das vítimas à proteção judicial, reduzindo barreiras burocráticas e encurtando o tempo de resposta em situações emergenciais.
De acordo com a Polícia Civil, uma reunião será realizada nos próximos dias para definir a data exata do lançamento da plataforma, que já está em fase final de desenvolvimento. A iniciativa é vista como um passo importante, mas ainda insuficiente diante da gravidade do cenário.
Organizações sociais, coletivos feministas e especialistas em segurança pública reforçam que o combate à violência contra a mulher exige políticas públicas integradas, educação de base, ampliação da rede de apoio e uma resposta rápida do sistema de justiça.
Enquanto isso, o Rio Grande do Sul enterra suas vítimas e tenta compreender o que mais pode ser feito para impedir que histórias como essas se repitam.